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Cantora brasileira se muda para os EUA e faz sucesso em Orlando

Você sonha em se mudar para outro país com a sua família e começar uma vida nova por lá? Muitas vezes essa experiência pode ser muito desafiadora e por isso é bom conhecer histórias de pessoas que já passaram por esses desafios e tiveram sucesso.

Conversamos com Jullyana Ramalho, cantora brasileira que se mudou de Botucatu, no interior de São Paulo, para Orlando, na Flórida, com seu marido e a filha.

A mudança foi em 2020, e hoje, três anos depois, Jullyana, seu marido Alexandre Haddad, e a filha, a pequena Yasmin, de apenas 4 anos, vivem em Orlando, a cidade preferida pelos brasileiros nos Estados Unidos, e não pensam em voltar para o Brasil.

A artista conta que os primeiros momentos não foram fáceis, deixar uma carreira no Brasil, onde foi vocalista da Banda Mel, se apresentava em programas de televisão e tinha uma carreira solo, e começar tudo do zero nos Estados Unidos, mas ela conseguiu superar tudo e já faz sucesso na Terra do Tio Sam.

Hoje, Jullyana Ramalho é a cantora que mais se apresenta em festas particulares em Orlando e Kissimmee, com repertório personalizado, ela canta em espanhol, inglês e, é claro, em português, em todos os estilos, como: sertanejo, forró, axé, funk, MPB, pop rock, bossa nova, românticas, anos 60, 70 e 80, lambada, reggae e muitos mais.

Acompanhe mais sobre o trabalho da cantora Jullyana Ramalho pelo Instagram (clique aqui)

Contato (clique aqui)

Leia os principais trechos da entrevista do Tudo Para Brasileiros com Jullyana Ramalho:

O processo de mudança

“Ficamos com medo, mas com curiosidade em saber como seria. Nossa vida no Brasil era muito boa, não podíamos reclamar, mas depois da chegada da Yasmin a gente queria proporcionar a ela oportunidades, estudo, qualidade de vida e segurança, que no Brasil não conseguiríamos tão facilmente.  Tanto eu, como o Alexandre, sempre tivemos muita vontade de fazer algo diferente.

Após tomarmos como base a experiência de alguns amigos e parentes que foram morar nos Estados Unidos, pegamos muitas informações e decidimos “nos jogar”, porém de uma maneira bem segura, foi tudo bem planejado.

Durante um ano nos dedicamos a juntar todo dinheiro possível para fazer essa mudança, apesar de já termos o visto de turista, aplicamos para o visto de estudante e vendemos tudo da nossa casa. O visto saiu e agendamos nossa vinda. Chegando aqui, em 5 dias já estávamos em nosso primeiro apartamento.

Desde o Brasil eu já pesquisava sobre lugares próximos a escolas, entrava em contato com condomínios para saber valores, fazer cadastro e ver se estávamos aptos a conseguir o aluguel.

Do Brasil eu já tinha ajustado tudo, porém, apenas pessoalmente que fechamos negócio e no dia seguinte já estávamos dentro da nossa casa. No início só com colchão e alguns brinquedos. Saímos para comprar as coisas. A primeira compra ninguém esquece: panelas, pratos, copos, produtos de limpeza… Imagine comprar tudo de uma casa, do zero!

Muitas coisas ganhamos de doação, pois aqui nos EUA tem muito essa cultura de doar coisas, e tudo em bom estado.”

A adaptação em um novo País

“O processo de adaptação foi um pouco difícil, pela saudade, pela distância, limitações de língua e conhecimento, e, principalmente, porque chegamos exatamente 10 dias antes do lockdown pela Covid-19. Ou seja, chegamos e tivemos que ficar em casa, de mãos atadas. Sem poder fazer muita coisa, mas com o passar do tempo fomos administrando a saudade e aprendendo sobre as coisas daqui. A Covid foi passando e a gente foi curtindo Orlando e a região. O estado da Flórida é incrível, as praias são lindas. Começamos nossa jornada, o bom é que como a Yasmin veio bem novinha, ela nem sentiu tanto a mudança cultural.

Eu já falava um pouco de inglês, mas não fluente. Quando chega aqui existe muita insegurança quanto à língua. Por mais que você saiba o inglês, é só mesmo na convivência, no dia a dia, que você vai se soltando e falando com mais naturalidade. As aulas de inglês me ajudaram bastante também. Hoje eu sou fluente e o Xandão também, mas mais tímido. Aqui em casa quem fala melhor é Yasmin, que fala português, inglês e espanhol, porque a escolinha dela é bilíngue, então ela fala tudo sem sotaque.”

As maiores dificuldades

“Uma das maiores dificuldades é ter que desbravar tudo sozinhos, como faz as coisas, onde tira a carteira de habilitação, como comprar carro, abrir conta no banco. Fomos fazendo tudo na raça, descobrindo e se informando.

Tem também a dificuldade de lidar com a ausência de apoio para cuidar da Yahyah. Aquela coisa de ter casa de vó, casa de tia, aqui é cada um por si. O que é difícil, mas também tem o lado positivo, pois une muito o casal e a família. O dia a dia é frenético, mas é bom.”

A comunidade brasileira em Orlando

“Tenho contato com os brasileiros aqui. Com o passar do tempo fomos conhecendo pessoas, fazendo amigos e hoje somos abençoados por termos amigos que se tornaram irmãos de coração, que nos abraçam e nos ajudam muito, com tudo. Deus é bom o tempo inteiro.

A Comunidade Brasileira aqui em Orlando é festeira, alegre, trabalhadora, batalhadora e com muita raça para vencer. Aqui quem não gosta de trabalhar não aguenta, porque você tem poder para ter tudo o que você quiser, mas com muito trabalho.”

Como é ser brasileira vivendo e trabalhando nos Estados Unidos 

É você poder sonhar, batalhar e realizar seus sonhos com os pés no chão. Aqui é possível. Se você foca no seu objetivo, você chega lá rapidamente. Lógico que muitos veem os brasileiros com olhos não tão bons e existe um preconceito, mas nem paro para pensar nisso, somente faço minha parte e pronto.

Ser cantora aqui é uma honra, nem no Brasil eu cantava tanto e com tanta frequência. É muito bom levar a música brasileira para quem sente tanta saudade do Brasil, das músicas, da cultura. É muito gostoso.


Planos para o futuro

“Sinceramente eu não pretendo voltar ao Brasil para morar, só para passear. Minha vida e da minha família é aqui, e é um lugar maravilhoso, eu amo demais morar aqui. Meus planos são seguir morando aqui, conquistando meus objetivos e poder visitar o Brasil umas duas vezes ao ano para matar a saudade da família e dos amigos.”


Uma mensagem final para quem também tem esse sonho

“Venham, mas se organizem. Se organizem com tudo. Com visto, com dinheiro, façam um check-up na saúde, porque aqui saúde é muito cara. Se puder, já se programem sobre onde querem morar, quanto a valores de carro, de aluguel, de escola para seu filho ou filha. Já agilize tudo do Brasil, porque quando chegar será bem mais fácil a adaptação.

E venha com disposição para trabalhar, sem preconceito profissional e de coração aberto para novos aprendizados. Aqui dificilmente você irá fazer a mesma coisa que você fazia no Brasil (só se você vier por uma empresa multinacional, que irá te transferir, apenas) ou se você já vier com visto de trabalho. Tirando isso, todos se lançam em novas atividades.

O que eu tenho a dizer é que às vezes você não faz ideia do que Deus está preparando para você. Deus te dá oportunidades e, por medo, você não abraça, não se joga, por receio de errar ou por medo de não ter para onde voltar. Mas a verdade é que Deus nunca desampara aquele que batalha, que luta, que sonha. Eu sinto que encontrei o lugar onde quero ficar, mas para isso eu tive que passar por um medo que nunca senti, muitas noites de choro, de saudade, de insegurança, mas até mesmo nos momentos difíceis Deus te dá aprendizado, te dá força e fortalece cada vez mais sua fé. Sinto sim muita saudade do que eu tenho no Brasil, amigos e família, mas sou muito feliz aqui.”

Texto: Rebeca Janes – Tudo Para Brasileiros

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