Carros antigos brasileiros, especialmente modelos da Volkswagen com motor refrigerado a ar como Fusca, Kombi e Brasília, viraram produto de exportação, com preços em disparada desde o início da pandemia da Covid.
Com a desvalorização do real frente ao dólar, exemplares originais e em bom estado de conservação facilmente têm passado da casa dos R$ 200 mil, vendidos a colecionadores dos Estados Unidos.
Morador de Orlando, na Flórida, desde 1997, um empresário paulista importa automóveis do Brasil e hoje tem cerca de 25 carros clássicos nacionais.
Dono de sete unidades do brasileiríssimo VW SP2, o administrador de empresas Carlos Alberto Calçada Bastos, de 69 anos, ofusca máquinas de marcas como Ferrari e Lamborghini em exposições e eventos automotivos nos Estados Unidos – nos quais seus carros costumam ser premiados.
Sua coleção também é formada por modelos fora de série com motor Volkswagen a ar e carroceria de fibra de vidro, como Puma, Miura e Bianco S – carros muito raros e que também têm mercado e alta valorização no país da América do Norte.
Dono de uma Ferrari 599 GTB, moderna e equipada com motor V12, o administrador diz gostar mais de dirigir um dos seus Bianco S com motor VW 1600 do que o cupê da famosa e cara marca italiana. Criado no Brasil por Toni Bianco, o esportivo nacional que traz o sobrenome do projetista italiano pode facilmente custar mais do que R$ 160 mil.
“Bianco, Puma e Miura são carros raríssimos e despertam muita curiosidade nos Estados Unidos. Meus fora de série com carroceria de fibra de vidro e motor de Fusca costumam chamar mais a atenção do que Ferrari e outras marcas consagradas nos eventos”.
Com a ajuda de seu filho Daniel, formado em mecânica, Carlos Alberto mantém ele mesmo os automóveis da coleção na oficina que ele montou na própria casa e diz rodar regularmente com seus esportivos brasileiros – o empresário afirma já ter rodado quase 400 km em um dia com uma de suas joias. Considerado por muitos especialistas o Volkswagen mais bonito de todos os tempos, o SP2 também tem lugar especial na coleção de Bastos.
“Em um desses eventos, o organizador colocou meu SP2 no melhor lugar da feira. No fim do encontro, todo mundo ficou tirando fotos do Volkswagen. Teve gente que virou a cabeça para admirar o SP2 saindo e ignorou uma McLaren logo ao lado”, relembra Carlos Alberto. Ele afirma ter adquirido todos os automóveis nacionais no Brasil, com exceção de um Puma, comprado já nos EUA.
Eles chegaram à América do Norte como carros de coleção e foram registrados e emplacados para rodar em sua nova casa.
O colecionar diz que volta e meia recebe sondagens e propostas para vender seus esportivos, o que ele não pretende fazer. “Muita gente importa carros brasileiros como VW Brasília e SP2 para revendê-los aqui, nos Estados Unidos. Volta e meia surge alguém especulando preço de determinado carro da minha coleção, mas não pretendo fechar negócio”. (com informações UOL Carros)