Gorjetas em queda na Flórida Central: trabalhadores enfrentam redução de 46% nas tips

A cultura de gorjetas na Flórida Central está passando por uma transformação preocupante. De acordo com dados da empresa de folha de pagamento ADP, trabalhadores de restaurantes da região estão recebendo, em média, US$ 5,69 por hora em gorjetas — uma queda de 46% em comparação com janeiro de 2020. O cenário coloca a região como a pior entre as 50 maiores áreas metropolitanas dos Estados Unidos quando o assunto é gratificação.

Mesmo com um salário-base considerado alto para a área, de US$ 14 por hora, os profissionais ainda enfrentam dificuldades. Em Orlando, apenas 29% da renda dos trabalhadores de restaurantes vem das gorjetas, o menor índice do país.

Por que as gorjetas caíram?

Especialistas apontam diversos fatores. Um deles é o comportamento dos visitantes internacionais, que muitas vezes não estão familiarizados com a cultura de gorjetas americana. Ashley Chambers, diretora de comunicações da Florida Restaurant and Lodging Association, explica que muitos turistas simplesmente não consideram a gorjeta uma obrigação.

Para Joshua Wallack, CEO da Wallack Holdings e dono do Mango’s Tropical Café, a situação é agravada pelo fato de que os turistas chegam aos restaurantes após gastarem boa parte do orçamento em atrações e hotéis de Orlando. “Eles esquecem de planejar a gorjeta”, afirma.

Outro fator que afeta a generosidade dos consumidores é a queda da taxa de poupança pessoal nos EUA, que chegou a 4,6% em janeiro de 2025, uma redução de 34% em relação a janeiro de 2020, segundo o Bureau of Economic Analysis.

Taxa de serviço pode ser solução

Diante da instabilidade das gorjetas, Wallack defende a implementação de uma taxa de serviço de 20% em restaurantes. “As pessoas estão pagando uma taxa de serviço sem problemas, e isso cria um balde de dinheiro que é dividido entre todos os funcionários da linha”, explica.

Segundo ele, esse modelo garante que a equipe seja consistentemente compensada de forma justa, melhora o serviço e ainda reduz a rotatividade de funcionários. “Se um pobre rapaz tem que pegar um ônibus do outro lado da cidade para fazer um trabalho e acaba ficando sem nada a noite toda… ele não vai manter esse trabalho por muito tempo”, finaliza.

Com o turismo em alta e o custo de vida subindo, a discussão sobre novos modelos de remuneração ganha força entre os donos de restaurantes da região — e a taxa de serviço pode ser o próximo passo para equilibrar as contas e valorizar o trabalho dos profissionais da linha de frente.

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