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Brasileiro, “Rei” do Enxoval de Bebê nos EUA, quer ajudar quem busca ter filho no país

Um carrinho de bebê, dos modelos mais modernos e caros, pode custar em torno de US$ 800 em Orlando – o que significaria pouco mais de R$ 4 mil no câmbio atual. Porém, pais e mães que quiserem comprar o mesmo item direto no Brasil podem ter de desembolsar até R$ 20 mil. Foi de olho nessa diferença de preços entre os dois países que o empresário Richard Harary, 44 anos, criou a MacroBaby, que vende produtos do universo de recém-nascidos, majoritariamente para brasileiros que viajam aos Estados Unidos para organizar o enxoval de bebês.

Conhecido como o “rei” dos carrinhos de bebês, ganhou fama depois de ver sua loja se transformar no “point” cobiçado por artistas como a apresentadora Xuxa Meneghel, a atriz Débora Secco e a cantora Simone Mendes (da dupla com Simária), entre outras estrelas brasileiras durante suas gestações. Atualmente, a holding Marco Corporation – responsável por 16 empresas no setor de varejo e logística – tem faturamento anual, segundo Harary, de cerca de R$ 100 milhões (ou US$ 20 milhões).

Com as mudanças nos negócios por causa da pandemia, que fizeram as vendas para o público brasileiro despencar 70% no período de isolamento, o empresário decidiu investir em um novo setor, mas sem sair do universo dos recém-nascidos. Harary agora traça um novo plano: desbravar o mercado de assessoria a maternidades nos EUA, com foco em residentes legais nos Estados Unidos que precisam de ajuda para ter um filho em solo americano.

Em parceria com a clínica Womens Care Center, em Orlando, a Macro Corporation oferecerá pacotes de assessoria para grávidas, com pré-natal e parto nos EUA. O preço deste serviço começa em US$ 15 mil (R$ 76 mil, na cotação atual). No pacote estão inclusas as consultas com ginecologista, médicos, parto, anestesista e a clínica para o procedimento, além da documentação do recém-nascido, como passaporte e certidão de nascimento. O serviço também prevê suporte em relação a tradução para brasileiras não fluentes em inglês.

Tudo por um desconto na universidade

Mas a história de Harary, hoje com 44 anos, com o universo de negócios para bebês e crianças só começaria anos após a sua chegada a Orlando. Isso porque seu plano inicial era se formar em psicologia, na Universidade Central da Flórida, e atuar na área. À época, por ser imigrante, o brasileiro tinha uma mensalidade do curso muito superior à cobrada de alunos locais. Uma das saídas para “baratear” o pagamento era investir em uma empresa em solo americano.

De origem egípcia, o brasileiro é filho Samy Harary, um imigrante que ao chegar no País criou a empresa de tecelagem Elenstil Confecções, instalada na Barra Funda.

Em 1999, seguindo os passos da família de comerciantes, o brasileiro decidiu empreender pela primeira vez, comprando a Macro Luggaged, uma empresa de bagagens, por US$ 7 mil. Com o negócio em mãos, começou vendendo malas de reposição para companhias aéreas nos aeroportos da cidade. Depois vieram as vendas na internet, no E-bay. No marketplace, o empresário passou a diversificar o catálogo, oferecendo produtos desurfe, itens para golfe e óculos de sol, entre outros. “O bom da internet é que eu podia vender de tudo”, diz.

Conforme o negócio decolava, o empresário, então já formado, chegou a fazer atendimentos clínicos, mas acabou deixando a formação de lado para focar na empresa.

Em 2003, quando o empresário chegou ao posto de segundo maior vendedor do marketplace E-Bay dos EUA, já vendia itens para recém-nascidos e crianças. No entanto, a entrada vez nesse mercado só ocorreria quatro anos mais tarde, durante a gestação da sua primeira filha. “Eu vendia milhares de produtos, mas nunca tinha nem aberto um carrinho de bebê”, conta.

Foco no atendimento personalizado

Enquanto pesquisava os produtos para montar o enxoval da primogênita, o brasileiro viu que o atendimento das lojas especializadas em itens para bebês e crianças não era dos melhores. Atento ao espaço de mercado com foco na experiência de compra, Harary decidiu criar a loja virtual MacroBaby, que um ano depois inaugurou seu ponto físico. “Eu percebi que nos EUA esse setor ainda era muito engessado, com pouca inovação, por isso, fui importar os produtos do momento na Europa”, relata.

Conforme divulgado pela companhia, a loja com 2 mil metros quadrados recebe cerca de 400 mil visitantes por ano, entre americanos, brasileiros e visitantes de outros países da América do Sul que buscam economizar com os preços mais baratos em comparação às suas regiões de origem.

“Mesmo com o dólar valorizado, ainda é muito mais barato fazer as compras aqui do que no Brasil, fora a diversidade dos itens”, afirma. Na MacroBaby, os pacotes de enxoval podem variar, a depender da quantidade de itens, de US$ 2 mil a US$ 5 mil (R$ 10 mil e R$ 25 mil, respectivamente, na cotação atual). “O tíquete médio é US$ 3 mil, mas o céu é o limite, depende de quanto os pais querem investir.”

Alberto Serrentino, especialista em varejo e sócio da consultoria Varese Retail, explica que mercado americano une redução de custo logístico e carga tributária mais baixa do que a praticada no Brasil. Isso impulsiona a procura de consumidores brasileiros a marcas como a MacroBaby. “Esse é um mercado que deve reaquecer no pós pandemia, mesmo com o momento de dólar mais alto”, avalia.

Coisa de celebridades

Com as portas abertas, a MacroBaby virou parada obrigatória de artistas que viajavam a Orlando para fazer compras de produtos básicos para os primeiros meses de vida dos seus filhos. “Um dia recebi uma ligação falando que a Deborah Secco faria compras conosco. Dali em diante foram vários famosos, como a Xuxa, Claudia Leitte, Ivete Sangalo e muitos outros. Isso ajudou a trazer o público geral para a loja”, explica.

Para o empresário, a principal diferença entre o público brasileiro em relação ao norte-americano é a busca por atenção durante a procura dos itens. “O brasileiro gosta de ser paparicado”, compara. Para dar conta das diferenças culturais, o empresário explica que possui dois times distintos para atender os consumidores vindos do Brasil.

Ainda segundo Serrentino, mais do que economia nas compras, os consumidores de alto e altíssimo padrão veem o mercado americano como um espaço de maior diversidade em produtos, na comparação com os itens disponíveis no Brasil.

Com informações Terra

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